domingo, março 6

Anónimo

estou inquieto. o sangue, a rumurejar, lateja nas têmporas, vejo turvo. a noite, a noite que caíu célere, sem aviso, tolhe os passos, faz de tudo aviso. os pés colhem caminho, sós, automatos. batem o chão, cegos, sem dono, arrastando tudo o resto com eles. com o desvario encepei no muro, caí de chape na água fria da fonte. de olhos abertos, no rompante, decidi afundar-me. abri um ralo e sumi-me. do lado de lá, alijado da carga pude sossegar e ler um livro em silêncio: era uma vez um rio e um poeta pastor...