terça-feira, junho 28

Anónimo no momento certo...

anda, mexe-te, vá, em frente!
anda lá, tenho de apanhar aquela estrada.
cuidado com o entusiasmo, estás quase a deixá-lo cair ao chão, depois é uma trabalheira para limpá-lo, que o limo social não sai com tide.

animah

Sofria de uma raríssima perturbação. Chamavam-lhe falsa memória do mundo.
A cada novo olhar que dava a um objecto, este parecia-lhe mudado. Mas essas mutações, para ela simplesmente indícios da sua incapacidade de recordar pormenores, aos olhos de outros eram bem visíveis. Podiam ser poucos graus numa variante de cor; um padrão onde apenas mudava a espécie de animal e mantinha a posição das patas; uma diferente curvatura num ramo de uma árvore próxima. Onde quer que pousasse o olhar o mundo agitava-se.
Passava despercebido ao observador casual. Ao longe nada parecia diferente.

domingo, junho 26

Anónimo agricultura

tropeçou numa almofada e a língua foi dar com a linha do rego do pé. sabia a terra molhada

quinta-feira, junho 2

Anónimo

O deus da ilha sem nome circundou o seu horizonte num equilíbrio perfeito. Depois inspirou lentamente e sentou-se sobre a linha, com as pernas balançando dentro de água, esperando a corrente quente que traria a migração das primeiras aves. Debaixo de água, os predadores do labirinto de coral aproveitaram a agitação dos cardumes para descansar.
Entretanto, se ninguém o impedisse, contaria as histórias que inadvertidamente fariam desaparecer todas as nuvens a sul do equador.

quarta-feira, junho 1

Anónimo a nuvem R.

Olhavam-na de lado porque gritava de entusiasmo sempre que do lado de lá da montanha lhe chegava o cheiro a maresia. Um dia, quando todas dormiam, desapareceu.